O
Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apresenta os dados da população carcerária
brasileira referente ao primeiro semestre de 2010. A consolidação destas
informações é feita a partir do lançamento dos números de cada uma das unidades
da federação no Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen), as
quais são responsáveis pelas informações prestadas.
Este
sistema, inaugurado em 16 de setembro de 2004, foi desenvolvido pelo Governo
Federal e é disponibilizado aos Estados, que por meio de suas secretarias
gestoras da pasta penitenciária, lançam as informações sobre os presos
administrados.
Com
essas informações, o Depen ilustra cenários e norteia os investimentos do Fundo
Penitenciário Nacional em políticas públicas voltadas ao sistema penitenciário
brasileiro, além de subsidiar estudos e pesquisas acadêmicas ligadas ao sistema
de justiça criminal.
Graças
a essas informações é possível afirmar que o crescimento da população
carcerária tem sofrido uma retração nos últimos quatro anos.
Entre
1995 e 2005 a população carcerária do Brasil saltou de pouco mais de 148 mil
presos para 361.402, o que representou um crescimento de 143,91% em uma década.
A taxa anual de crescimento oscilava entre 10 e 12%. Neste período, as
informações ainda eram consolidadas de forma lenta, já que não havia um
mecanismo padrão para consolidação dos dados, que eram recebidos via fax,
ofício ou telefone.
A
partir de 2005, já com padrões de indicadores e informatização do processo de
coleta de informações (período pós-InfoPen), a taxa de crescimento anual caiu
para cerca de 5 a 7% ao ano. Entre dezembro de 2005 e dezembro de 2009, a
população carcerária aumentou de 361.402 para 473.626, o que representou um
crescimento, em quatro anos, de 31,05%.
Segundo
análise do Depen, muitos fatores podem ser atribuídos a essa redução do
encarceramento. A expansão da aplicação, por parte do Poder Judiciário, de
medidas e penas alternativas; a realização de mutirões carcerários pelo
Conselho Nacional de Justiça; a melhoria no aparato preventivo das corporações
policiais e a melhoria das condições sociais da população são todos fatores
significativos na diminuição da taxa.
Apesar
da redução da taxa anual de encarceramento, o Brasil ainda apresenta um déficit
de vagas de 194.650.
Diante do exposto, é possível verificar que o problema não está propriamente na
infra-estrutura do cárcere, mas sim na sociedade. Estudos comprovam que o
sistema carcerário é reflexo de sua população, sendo esta, a grande necessitada
de ajuda. Quem também compartilha dessa visão é o saudoso Mandela que, em
brilhante exposição, afirmou: “Costuma-se dizer que ninguém conhece
verdadeiramente uma nação até que tenha estado dentro de suas prisões. Uma
nação não deve ser julgada pelo modo como trata seus cidadãos mais elevados,
mas sim pelo modo como trata seus cidadãos mais baixos.” Nelson Mandela.
O
filósofo francês Michel Foucault, faz críticas sobre o sistema carcerário ao
fazer a seguinte citação: “As prisões não diminuem a taxa de criminalidade:
pode-se aumentá-las, multiplicá-las ou transformá-las, a quantidade de
crimes e de criminosos permanece estável, ou, ainda pior, aumenta (...) a
prisão, consequentemente, em vez de devolver à liberdade indivíduos corrigidos,
espalha na população delinquente perigoso”.
Pode-se
até variar um pouco a taxa de criminalidade com a aplicação de tecnologias no
auxílio do combate ao crime, mas o verdadeiro “câncer” está nas bases da
sociedade que se não cuidado, passará pelo processo de “metástase"
DEPEN
(Departamento Penitenciário Nacional)/Ministério da Justiça. Sistema
Prisional. INFOPEN. 2014. Disponível em: <http://www.portal.mj.gov.br>.
Acesso em: 11 mai. 2014.
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